domingo, 22 de novembro de 2009

Os sonhos e os alpinistas de ilusão


Esta noite tive um sonho:

Pela grande barba caída do pai, subia um menino em miniatura, isto é, um homenzinho do tamanho de um dedo mindinho. Escalava sua braba barba quase como um alpinista, ou um nadador subindo a cachoeira em vez de descê-la. Ele perpassava pelos pêlos misturados de cor branca e acinzentados, como se fossem águas banhadas por um sal grosso que estava já há muito tempo cristalizado por lá. Do queixo de seu pai, ele avançava pelo rosto endurecido, como um sabotador de formas, ora penteando flagelos de nariz, ora plantando espinhas com suas sementes de suor. Sabia que o caminho era tortuoso, salinizante, uma rivalidade que tomava conta do menino e do pai, principalmente quando espirrava, impedindo que o filho subisse ao topo, e assim sem delongas, visse que o mundo de cima é mais árido do que o cantinho das formigas.

2 comentários:

Rafael disse...

Bons versos Caio, gostei. Não vou escrever nada como resposta, prefiro ficar pensando. Abraço!

Fy disse...

Oi Caio,

Este teu texto me lembra uma frase do Jung:

"Não posso lhe dizer como é um homem que goza de uma
completa auto-realização,- nunca vi nenhum.
...Antes de buscar a perfeição, devemos viver o homem comum, sem mutilação" > Jung

Bj