O mundo é um lugar sombrio. Uma roda gigante de latitudes e longitudes ainda inexploradas, terrores mal dormidos, poemas mal sonhados.
O mundo é um convite à depressão, à desilusão, à carne mal vestida da anfitriã das felicidades possíveis, o mundo é um convite à dispersão.
O mundo é um astro em rota de colisão, um cometa mal gasto, maltrapilho, ignorado pela Galáxia de Andrômeda.
O mundo é um composto de fenômenos, aliás, vale a pena crer na Aurora Boreal, que não é deveras real.
O mundo é um lugar onde sobram desejos, e um lugar-no-mundo é o que há de mais escasso.
O mundo é um lugar sombrio. Tem pessoas que nascem com medo do escuro. Eu aprendi a ter medo do escuro. O breu é um chão sem assento.
O mundo tem muita luz e ao mesmo tempo muito escuro. Por isso a meia-luz me é cara hoje. Mas a luz do mundo sou eu quem faço. Tem piras de fogo agorinha prontas a se acender na minha mão. Mas estão presas por minha insensatez, barradas por minha inata paixão.
O mundo é uma cabeça quadrada, que insiste que é redonda, pra poder chamar a atenção.
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