segunda-feira, 9 de março de 2009

Inconsciente Coletivo, Angústia e Criatividade


Depois de algum tempo sem escrever, ou ter algo útil a compartilhar, mexo no molho e do caldeirão saem algumas idéias que brotam da partilha de idéias de outros.

A matéria-prima da criatividade quase sempre vem de uma ponte que se estabelece entre o inconsciente e o consciente. Donald Meltzer, em seu livro "O Processo Psicanalítico", cita como exemplo a atividade analítica. Tal atividade, assim como uma atividade que tem que ser sempre ser mantida em alto nível, como à dos atletas e dos artistas virtuosos em geral, deve ser mantida sempre com uma confiança inabalável no inconsciente, assistido e observado pelo órgão da consciência.

Eu acredito que para haver tal "ponte", além de uma certa potência interna e uma disponibilidade dos conteúdos inconscientes atravessarem a psique em direção à consciência, existe uma terceira camada de eventos que deve haver para contribuir no incremento da criatividade, que seria a contribuição de outras pessoas, isto é, na coletividade , ou em grupos, equipes, surgem a matéria-prima para o desenvolvimento de novas percepções da realidade e de novas posturas frente a ela. Nessa condensação de idéias acaba se gerando insights, em termos de linguagem.

Jung confia muito no seu conceito de Inconsciente Coletivo. Por minhas percepções, apesar de muito banais ainda, e por ainda não ter um completo conhecimento da obra de Jung, e até em relação de sua obra em relação à do próprio Freud, penso que está cada vez mais claro tal concepção. Explico: Parece haver uma certa opacidade nas relações humanas nos dias de hoje. Eu estava navegando pela Internet, e observando blogs que são digamos, meio existenciais, filosóficos, e são marcados pela angústia de pessoas comuns como a gente, e estão mostrando uma tendência e uma certa presença de várias angústias comuns à várias pessoas. As formas que as angústias existenciais que tecem a vida em geral, apesar de bem diversas, parecem sempre apontar para os mesmos tipos de dúvidas. Isso organiza uma vasta rede de pensamentos comuns a todos que pode muito bem designar o que Jung ditou como Inconsciente Coletivo. A "evolução" ou involução pela qual passamos pode muito bem estar no mesmo estágio.

Aonde eu quero chegar? Primeiro, que nada vem de si próprio somente. Qualquer forma de expressão, linguagem ou ato em geral, vem de certa forma de outrem. E indo além, vem do inconsciente coletivo.

Além disso, para a criatividade atingir a si mesmo e possibiltar sua expressão, deve ultrapassar as resistências vindas da angústia e ultrapassar outros sofrimentos psíquicos.
Caio Garrido

Um comentário:

Anônimo disse...

Li uma matéria sobre angustia e criatividade no link http://www.conteudosaude.com.br/conteudoExtra.aspx?id=6414
e resolvi pesquisar e descobri seu blog. Parabéns pela matéria de ambos, pois, nunca tinha parado para perceber que é na angustia que buscamos soluções e nos tornamos verazmente criativos. Gostei muito de ambas as colocações. Bjs,