domingo, 23 de novembro de 2008

Com o que sonham os pássaros ?


Eis que me pergunto se os pássaros sonham. Nesse mundo do pássaro, ele vive de certa forma dissociado de todo esse maligno conceito bem x mal. Vive na sua benigna condição animal. Provavelmente eles vivem seu “sonho”. Sonhar com o abstrato, com o objeto perdido é coisa para os humanos. Não posso afirmar nada sobre o imaginário dos pássaros, talvez sejam como o de uma criança. Eles parecem diferenciar muito pouco a divisão entre o “eu” e o outro, demonstram uma certa afeição pelos homens, mostrando as possíveis potencialidades de seu imaginário “colorido” e ativo. Podemos dizer até que a pergunta inicial proposta aqui, soe um pouco inocente, tão quanto àquela já conhecida: “ O que querem as mulheres?”. Ora bolas, é impossível delimitar e designar a partir de um só ser a complexa e diversa experiência de um conjunto se seres viventes.
Mas com que sonham os pássaros?
Certamente eles vivem o maior sonho dos homens : Voar !


Caio Garrido

sábado, 22 de novembro de 2008

Onde está o monstro?


Estou convicto que todos nós, que todo ser humano tem um "monstro" dentro de si mesmo. A questão é o que encaminha, desencaminha ou restringe essa Coisa... É a capacidade de resiliência de cada um lidar com sua própria dor, agressividade, anseios, e volatilidade de seus desejos. Alfinetar o mal que se vê no mundo é uma maneira de não enxergar verdadeiramente. Evidentemente que o “mal” não é o caminho, mas é preciso conhecer e reconhecer o mal. Como ele surge, de que ausência ele surge. A ausência como sensação, sentimento ou ilusão, pode ser sentida como uma privação que o indivíduo tem de suportar durante a vida. A ausência de um “objeto” desejado pode se diferenciar de várias maneiras: O “objeto perdido” pode significar um vazio exponencial para o indivíduo. Já quando um “objeto” desejado existe, e é reconhecido como tal, e sua necessidade não é realizada, poderia se dizer que a presença deste objeto faltante no psiquismo do indivíduo não é uma verdadeira ausência. A ausência real talvez seja quando não exista um objeto desejado pré-estabelecido, isto é, num campo onde a pessoa não consiga elencar o seu desejo, ou simplesmente há um desejo de desejar algo. Mas o que mais pode trazer angústia e desamparo podem ser tanto a privação ou uma forte ruptura de relação, descontinuada, como uma mãe que deixa seu bebê após o parto. Quando a raiva, o desapontamento, a impotência em relação ao mundo está dentro da pessoa, isso tudo pode ser projetado para os outros gerando uma série de destrutividade intensa e generalizada. Cabe a uma certa esperança de um resto de afeto, que se organize e repare a situação indesejada, e transicione para um outro patamar de ligação emocional e que se conecte à novos vínculos.


Caio Garrido

domingo, 2 de novembro de 2008

Natureza Morta

"A Natureza chora por você". Sem telhas e indefesa, a natureza procura se proteger. Para se propagar, a natureza se utiliza da energia vital e se recria a todo instante. Entre três orquestras vitais e opostas, entre o céu, a terra, e os homens, a natureza situa-se num vasto campo sutil de diferenças harmoniosas, contrastantes, que se configuram nas plantas, árvores, espécies, que se auto misturam e se envolvem o tempo todo. A doença "homem" se espalha e mancha o céu, meche na terra... Desvirtua o espaço e marcha perante o nada. Essa experiência biológica chamada Homem, não será a somatização da natureza?

Caio Garrido