sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A Dança e a Vida


Olá, amigos, hoje vou postar um texto escrito pela Fy, amiga virtual, do blog:

http://windmillsbyfy.wordpress.com/

Ela lança palavras para fecundar a harmonia entre Corpo, Ritmo, Dança, Vida e Imaginação...




A Dança e a Vida

- e.... que apresente linhas

mutantes “sem fora nem dentro, sem forma nem fundo, sem começo

nem fim, tão viva quanto uma variação contínua” -

Quando um corpo dança, abre-se para captar as mais finas vibrações , ele ativa sua sensibilidade, seus sentidos, para atrair a energia do mundo, de uma forma sutil, leve, que o faça transportar a novas passagens.

Quando um corpo dança , comunica-se com suas ausências e com seus silêncios, dá-se contorno : e, assim , potencializa o surgimento de novos corpos.
Isso o coloca numa outra dimensão temporal.
Colocar tempo no corpo pode significar abri-lo ao regime do sutil, ao devir imperceptível, às velocidades e lentidões, às pequenas percepções e ao vir a ser: Viver é como Dançar.

- Uma vez que se tenha encontrado a si mesmo é preciso saber, de tempo em tempo, perder-se. ... e depois reencontrar-se: pressuposto que se seja um pensador. A este, com efeito, é prejudicial estar sempre ligado a uma [ só ] pessoa. - [ em si-mesmo]

Nietzsche

Aceitemos a sugestão de Nietzsche.
Não sem antes oferecermos sobre ela uma certa : resistência.

E é porque acatamos, ao mesmo tempo em que resistimos, que o movimento se inicia e vemos surgir uma dança. Tal qual a Vida.

Dança que se faz de ampliações e recolhimentos, de aceitações e de resistências.

Se assim não fôsse, não haveria o surgimento do balançar que nos revela através de sua coreografia nascente, um novo ritmo, novas formas que acolhem e expressam transformações ocorridas, fruto de consentimento e ao mesmo tempo de violação exercida sobre esse corpo que dança. Ou que vive.

Vemos nesta dança a expressão de forças que obrigam esse corpo a ampliar-se, a recombinar seus elementos, a flexibilizar-se, a dizer “Sim”.

Forças que o fazem proteger-se, encorujar-se sobre si mesmo, endurecer-se, resistir aos apelos, dizer “Não”...

Balanço, dança, ritmo: Vida.

Não há Vida sem este movimento que ora recai do lado das forças que buscam Expansão.

Introduzimos a metáfora da dança, expressão desse movimento, para que possamos melhor visualizar o ritmo, o balanço que compõem a nossa própria existência como seres humanos.

Assim, um pouco mais entregues a este balançar, vamos dele nos aproximando, a fim de que possamos melhor observar as forças que o originam.

Didaticamente, seria bastante sedutor que pudéssemos separar estas forças em dois grupos distintos: um deles relativo ao Movimento de Retração e Recolhimento e o outro, relativo aos Movimentos de Expansão.

Mas, infelizmente, somos logo levados a não fazê-lo, pois não há intervalo suficiente entre eles que nos permita congelá-los em uma imagem estática e rígida.

O que há, , é “ritmo” : que fala de um Vai – e – Vem imperceptível, onde o movimento de ida , “já requer” : reclama o de volta.

Assim, o movimento de retração é sempre um apelo de suplemento ao movimento de expansão e vice-versa.

Isso nos permite afirmar que não há como privilegiar um polo, menosprezando o outro.

Os dois são absolutamente necessários à manutenção da Vida: o instituido, o mesmo, o reconhecível,o permanente, de um lado, e, do outro: o: “a ser instituído”, o devir, o novo, o diferente. [ o desconhecido ]


Fy

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Teatro : Um leigo em “Suspensão”


Uma mistura de influências de atos artísticos das mais diversas ordens: Shakespeare, Quentin Tarantino, Saramago, Nietzsche. Assim é a minha sensação, reflexão de um leigo em Teatro. A Peça em questão é Suspensão, da “Trupe Acima do Bem e do Mal”, grupo de Ribeirão Preto, com texto escrito por Lucas Arantes e dirigido por Mateus Barbassa, com o elenco: Fernanda Lins, Davi Tostes, Ademir Esteves, Maria Angélica Braga, Lucas Chaves.

Realmente, o efeito da obra fica em suspensão. Do grau de aturdimento deixado no Inconsciente, o “Consciente” fica tentando amalgamar ideias em torno da causa que gira no decorrer da peça.

As texturas experimentadas são de temperos com odores variados, como as sensações noturnas que costumam nos tragar, sensações inquietantes e angustiantes, em torno do motivo principal da peça que é um mundo sem ninguém, só o Avô, o ELE e o ELA. É a necessidade intrínseca à vida que é a necessidade da existência do Olhar do Outro.

Nomeado pelo diretor da peça como de influência do Pós-Dramático, o mundo espelhado no palco é de uma morte em busca da vida, ou a vida em busca de uma morte... O impacto do silêncio, da falta de motivos pelo qual se mover, se motivar e se esperançar...

O constante apagar das luzes em momentos-chave e a repetição de falas e cenas nas cenas, dão um aspecto cinematográfico à peça.


Quem quiser saber mais, acesse

www.lucasarantes.wordpress.com